- Texto criado por Fabiane, criadora da marca Campestre.
Desde criança o fazer manual sempre me encantou. Acredito que por crescer vendo minha avó e minha mãe fazendo tricô e crochê as técnicas manuais sempre tiveram um fascínio para mim. Na minha loja, eu passei por muitas dessas técnicas como: crochê, tricô, bordado, pintura em MDF... mas me encontrei de verdade foi na cerâmica!
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O trabalho com a cerâmica é extremamente
simples e complexo ao mesmo tempo.
Às vezes eu brinco com os clientes que a cerâmica chega a ser poética, pois a argila aceita que você faça o que quiser com ela, desde um simples copinho para café até uma escultura grandiosa. Porém, você precisa respeitar o tempo dela. Se quiser pular etapas ou adiantar o processo, vai dar errado, não tem jeito. Ou você aprende a respeitar a argila ou nada será feito, simples assim. Aliás, aqui está a primeira grande lição que a cerâmica me ensinou: ter paciência! Falando resumidamente sobre a técnica, eu trabalho com a cerâmica de alta temperatura, e para uma peça ser considerada de alta temperatura ela precisa passar por
queima acima de 1200 graus.
Mas antes disso o processo é longo, porém muito prazeroso! O barro chega e precisa ser ‘’sovado’’ quase que como massa de pão, para que todo e qualquer ar que ainda esteja nele possa sair. Caso contrário, a peça vai estourar na hora da queima.
Logo depois, ele está pronto para ser trabalhado, no torno ou em placas. Eu trabalho mais com as placas, que é simplesmente a argila aberta com rolo de macarrão. A placa depois de aberta é pressionada em uma fôrma de gesso para assumir a forma desejada. Essas fôrmas de gesso já foram produzidas anteriormente a partir de uma peça piloto que deve teruma medida 20% maior que a peça final,uma vez que o barro vai perder bastante água durante todo o processo e a peça inicial vai encolher bastante depois de pronta.
Depois de modelada na fôrma, a peça deve secar naturalmente até atingir o que chamamos de ponto de osso. Nessa fase ela é extremamente frágil, pois não é nada mais que uma casquinha de barro seca. Nessa hora, a peça está pronta para ser lixada e para seguir para
a primeira queima, chamada de biscoito,
que acontece à uma temperatura de 900 graus. Depois disso, a peça está pronta para receber o esmalte, que vai deixar a peça impermeável. Assim, ela segue para a segunda e última queima, a queima de esmalte, normalmente entre 1200 e 1300 graus.
E aí, a peça está pronta!
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Assim como em outras técnicas de trabalho manual você pode escolher o seguimento que mais te agrada dentro daquele universo. Eu, particularmente, prefiro trabalhar com as peças utilitárias e com acabamento mais rústico. Normalmente esmalto apenas a parte interna das peças deixando a parte externa na argila, assim eu consigo uma mistura de textura bem interessante tanto para o visual quanto para o toque.
Nada me deixa mais feliz que saber que aquele jogo, ou peça, que o cliente está levando vai ser usado num momento de encontro com família ou amigos ao redor de uma mesa! É muito bom poder produzir peças que vão acompanhar as pessoas no seu dia a dia, levando um pouquinho do carinho e cuidado que foi utilizado durante toda a produção. A atenção e o tempo dispensados em todo o processo se materializa em peças aconchegantes, que transformam um cafezinho num momento mais especial, e um almoço de domingo em uma grande festa em família! Então, esse é o meu trabalho. Sou ceramista, ou designer em cerâmica, como preferir, pois na verdade sou alguém que ama desenvolver, testar e produzir peças que façam as pessoas descobrirem o prazer nas coisas simples, deixando o dia a dia delas mais aconchegante e prazeroso.
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